Sustentabilidade, inovação e design foram temas-chave de seminários do World Plastic Connection Summit 2022

Think Plastic Brazil

Com o tema: “Inovação, Design e Sustentabilidade como diferenciais globais do setor de plásticos transformados brasileiro”, o II World Plastic Connection Summit recebeu cerca de 400 pessoas nos dois dias de seminários. As transmissões das palestras com tradução simultânea em português, espanhol e inglês tiveram mais de 14 mil acessos, de 67 países.

 

As designers italianas Rossana Orlandi e Nicoletta Brugnoni abriram o primeiro dia de seminários com a palestra: “Plástico não é motivo para culpa e sim uma fonte de criatividade”, apresentando o prêmio internacional Ro Plastic 2022, parte do projeto RoGuiltlessPlastic, criado para conscientizar e envolver a comunidade global de criadores para um design que respeite os princípios de sustentabilidade, responsabilidade e emotividade, baseando-se nos critérios de reciclagem, reutilização e upcycle de resíduos plásticos e outros.

 

“O plástico não tem culpa. Sem ele não sobreviveríamos. Os químicos descobriram o polipropileno nos anos 50. Pode imaginar como era a vida antes? […]As pessoas acharam horrível no início a ideia de reciclar o plástico para a arte, mas mostramos como isso pode ser bonito”, declarou Rossana Orlandi.

 

A estética também permeou a fala da jornalista, especialista em Design e futuróloga finlandesa, Susanna Björklund em sua palestra: “Sustentabilidade, Empatia e Design”. Susanna destacou que princípios básicos como: transparência, qualidade e empatia, estão intimamente ligados à sustentabilidade. Durante sua apresentação, citou vários exemplos para demonstrar que funcionalidade, design e sustentabilidade podem andar de mãos dadas.

 

“Ninguém compra um móvel feio só por ser sustentável. Por isso a estética é muito importante. […] O que me incomoda é que essa questão de sustentabilidade é muito baseada na culpa. Todos sabem que existem desafios de financiamento, grandes mudanças exigem tempo e nós tentamos pensar em formas para encorajar pessoas, empresas, governos a serem a mudança”, afirmou Susanna Björklund.

 

Em seguida, foi a vez de Maria Laura dos Santos Leite, Especialista em Projetos de Sustentabilidade da Valgroup apresentar a palestra: “Valgroup, inovação para mais reciclagem”, que apresentou algumas das tecnologias empregadas pela empresa, como o BioV – substância que acelera a biodegradação do plástico em 5 anos – e o De-inking, que remove os pigmentos do plástico sem solventes.

 

“Nossa meta para 2040 é atingir nível de neutralidade em emissão de carbono e reciclar 100% das embalagens plásticas produzidas”, projeta Maria Laura.

 

Depois foi a vez de Gabriel Muller com a palestra: “Ecossistema de Economia Circular Braskem”. Em sua fala, o gerente de economia circular do grupo, apresentou algumas metas como a redução de 15 % das emissões de carbono até 2030; a expansão do portfólio de produtos de material reciclado em 300 mil toneladas até 2025 e 1,5 milhão até 2030, além do projeto Ecossistema Wenew: que tem como pilares a tecnologia, educação e o design circular.

 

“A química e o plástico estão presentes em vários produtos transformados e o gerenciamento dos resíduos é uma preocupação recente, dentro dos hábitos de consumo, das empresas, sociedade e governo. Tratar adequadamente esse resíduo e cumprir seu papel para uma economia circular é cada vez mais fundamental”, opinou Gabriel Muller.

 

Rodrigo Zwetsch, Product Owner da Beta-i Brasil, ministrou a palestra: “Resultados da pesquisa Collab Trends Deep Tech”, que abordou o resultado de um mapeamento feito em agosto de 2022 com grandes empresas nacionais e estrangeiras com operações no Brasil que detectou as dificuldades de se implantar uma cultura de inovação nas equipes de trabalho.

 

“O fato de você criar uma área de inovação não tira responsabilidade dos demais [setores]. Um dos principais pontos que levantamos é a não capacitação total da empresa. Criar um time de inovação pode ser interessante desde que você tenha uma capacitação para que a empresa entenda o resultado e a importância”, explicou Rodrigo Zwetsch.

Logo depois, foi a vez do professor brasileiro Charles Eliezer Diesendruck, da Universidade Technion (Israel) apresentar a palestra: “Mecanoquímica em plásticos – (inovação no aprimoramento do material)”. Diesendruck é especialista de renome internacional em mecanoquímica, um ramo da Química que estuda as propriedades principalmente físicas de compostos químicos, com o objetivo de induzir transformações químicas. Muitos materiais usados no nosso dia-a-dia são feitos à base de polímeros e estão sujeitos a estresse mecânico. Por isso, a mecanoquímica busca criar materiais que respondam quando danificados por forças externas, seja relatando o dano, autoreforçando ou mesmo regenerando.

“O problema é que após o primeiro uso do plástico, as propriedades não permanecem tão boas. O que precisamos fazer é manter as propriedades. Se nós resolvermos este problema, o plástico não será mais o vilão”, afirmou Charles.

 

A última palestra do primeiro dia de seminários ficou a cargo de Marcus Vinicius, Coordenador de Inteligência de Mercado da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e sua apresentação: “Mercado Halal e dicas de negociação com empresas árabes”. Em sua fala, Marcus abordou questões culturais e estilo de negociação do povo árabe e ainda deu uma aula sobre a Certificação Halal, palavra árabe que significa lícito, permitido. É voltado para o consumidor muçulmano. É tradicionamente exigido no setor de alimentos, mas é aplicado em diversos setores. Certifica que toda a cadeia produtiva está de acordo com a lei islâmica (Sharia).

 

“A empresa quando tem esse certificado ela atesta que está preocupada com a comunidade, também está atenta a questão da testagem com animais, que a empresa é idônea. O certificado está também permeando a preferência de mercados de população não-muçulmana”, explicou Marcus.

 

Segundo dia com foco na inspiração

O segundo dia de seminários foi repleto de trocas de conhecimento e mensagens inspiradoras. A abertura foi uma mesa-redonda com dois experts em design de embalagens: o brasileiro Lincoln Seragini e o mexicano Luís Rodolfo Arévalo. Os profissionais compartilharam um pouco de suas experiências profissionais e impressões sobre a carreira.

“Durante décadas eu tenho afirmado que o design tem sido mais importante que a tecnologia no mercado de embalagem. Todo mundo espera inovação, algo miraculoso e não é. A inovação acontece através do design. O mundo da sustentabilidade exige muita tecnologia e, claro, isso não entra na questão do design. Por isso que a produção do futuro é o Ecodesign.”, opinou Lincoln Seragini.

 

“Eu acho que o poder do design é enorme, o design é muito importante porque está comprovado porque as empresas que tem um chefe de design, tem muito melhor desempenho em termos de negócio. O design tem que ser parte da direção da empresa”, declarou Luís Rodolfo Arévalo ao final da conversa.

 

Após as apresentações do Color Trend e do International Yearbook e a entrega dos World Plastic Connection Award 2022, foi a vez do Chief Innovation Officer da Startse, Christiano Kruel, apresentar a palestra: “Organizações Infinitas”. “Quer viver para sempre? Tem que renascer todo dia.”, cravou um empolgado Kruel no início de sua fala que indicou quais comportamentos alongam a vida de uma empresa.

 

“As empresas que tendem a alongar seu infinito têm sistemas operacionais flexíveis e adaptáveis.  É preciso ter capacidade de fazer desenho organizacional muito rápido, tem que ter estruturas digitais que nos permitam fazer essas transformações e precisamos estar mais conectados com o mundo”, afirmou Christiano.

 

Beat Grüninger, Diretor Sênior da consultoria global Elevate, encerrou o Digital Seminar com uma palestra sobre relatórios de sustentabilidade para empresas. A apresentação tratou de ESG (governança ambiental, social e corporativa em inglês), abordagem que avalia se as empresas demonstram suas práticas e como gerenciam os riscos ambientais. 

 

Beat também explicou como funciona a Certificação GRI (Global Reporting Initiative), que comunica os impactos de empresas e governos em questões como mudanças climáticas, direitos humanos e corrupção. O Brasil está entre os países com mais relatórios de acordo com a GRI, com 2570 relatórios publicados. “Fazer um relatório de sustentabilidade é um trabalho complexo, exige colaboração de todas as áreas, mas traz benefícios tanto internamente quanto na imagem da empresa”, afirmou Grüninger.